Festival da Canção:A qualidade dos novos talentos venceu o saudosismo

De volta à casa mãe, que é como quem diz aos Estúdios da RTP, a primeira semifinal teve qualidade e apagou quase que em definitivo a paupérrima imagem deixada no ano anterior, mas convém notar que ainda faltam conhecer seis temas.

A semifinal abriu com o primeiro e última vencedora, António Calvário e Suzy, tendo esta última tido oportunidade de durante o programa cantar o "Quero ser tua" que tantas criticas recebeu no ano passado, pela falta de qualidade do tema. António Calvário limitou-se a umas simples frases, sem ter direito a mostrar a qualidade do primeiro tema vencedor do festival. A primeira semifinal teve na condução do programa a dupla de apresentadores Jorge Gabriel e Joana Teles.

Rita Seidi foi a intérprete de "Lisboa, Lisboa" composto por Sara Tavares e com letra de Sara Tavares e Kalaf Epalanga. Um tema com influências lusófonas mas pouco elaborado e longe do que o talento de Sara permite. Pena que não tenha sido aproveitada a extensão vocal de Rita Seidi.

Leonor Andrade foi s surpresa da noite com "Há um mar que nos separa", um tema com uma sonoridade muito actual e que conta com uma letra à imagem do seu compositor, Miguel Gameiro, forte e fugindo ao fútil, apelando aos sentimentos.

Leonor disse ao Hardmúsica ter ficado "muito feliz quando o Miguel me entregou o tema" que "fala da distância entre duas pessoas, seja física ou psicológica", algo que "penso que todas as pessoas já sentiram". Já o compositor disse não "estar à espera de chegar à final" e que a passagem à final é também um reconhecimento a si enquanto a compositor e que a participação no festival é apenas "o inicio de uma longa a bonita carreira da Leonor que é também compositora para além de interprete".

Com letra e música de Augusto Madureira e pela voz de Filipa Baptista, o tema "A noite inteira" soou a bailarico e não se revelou capaz de chegar ao público.

Yola Dinis interpretou "Outra vez primavera" de Nuno Feist e com letra de Nuno Marques da Silva, que transmitiu uma enorme portugalidade. A guitarra portuguesa deu a "sonoridade fado" e a voz de Yola foi vibrante e entusiasmante.

Nuno Feist disse que "estava confiante" até porque "a Yola é uma interprete fora de série", enquanto que Yola sentiu "uma energia extremamente positiva do publico ainda o tema não tinha acabado" e apenas estava "confiante no que eu ia fazer". Revelou ter "pena pela Adelaide não ter sido apurada pois tinha uma canção bonita".

"Tu tens uma mágica" de Gonçalo Tavares foi talvez uma das desilusões da noite. Gonçalo para além de músico, de qualidade, contou com a participação de José Cid na letra, mas o resultado foi um tema fraco, com letra paupérrima e da sua actuação o que de melhor se aproveita é a coreografia dos bailarinos, responsabilidade de Marco de Camillis.

Gonçalo elogiou o facto de este ano "ter sido tudo tocado ao vivo". Diz que "não faltou nada" a Adelaide Ferreira para passar.

Adelaide Ferreira fechou as actuações com a interpretação de um tema de sua autoria, "Paz". Lamentavelmente a sua voz foi abafada pelo instrumental, tornando-se imperceptível o que cantava.

Em cada uma das semifinais são apurados três temas, dois pelo público e um pelos compositores de cada uma das semifinais. Nesta o público votou nos temas interpretados por Leonor Andrade e Yola Dinis. Os compositores escolheram o tema de Gonçalo Tavares. Adelaide Ferreira, vista como uma das mais fortes candidatas acaba por ficar pelo caminho.

A segunda semifinal realiza-se na próxima quinta-feira que apurará os restantes três finalistas que lutarão pela vitoria na grande final marcada para sábado e que decidirá quem nos representará no Festival Eurovisão a realizar em Maio na cidade de Viena, na Áustria.