O samba na voz de Maria Rita

por: Teresa Arsénio
O samba na voz de Maria Rita
MCrespo

Depois do concerto marcado para o dia 25 de Junho ter sido adiado por motivo de doença, Maria Rita subiu ontem à noite (12 de Julho) ao palco do Convento de São Francisco, em Coimbra. Valeu a pena a espera! Numa "parceria de respeito mútuo que já dura há15 anos", a acompanhá-la ao piano esteve o virtuoso Tiago Costa.

Maria Rita brindou a plateia com os ritmos quentes do Brasil. Na bagagem trouxe o "Coração a batucar" (2014), que deu origem ao último álbum "O Samba em mim", gravado ao vivo ainda este ano num espectáculo no Rio de Janeiro que marcou o fim da tournée. À semelhança dos anteriores registos; "Redescobrir" (2012), "Elo" (2011) e "Samba meu" (2007) também é inteiramente dedicado ao samba. Um ritmo que a cantora afirma "não sai mais da minha vida" e que nos levou a viajar pelo seu reportório.

"Mucuripe", "O ciúme" e "Caminho das águas" deram o mote a este espectáculo que começou num tom intimista e foi subindo de intensidade à medida que a noite foi avançando. "Pagu", "Agora só falta você", "A história de Lily Braun", foram os temas que se seguiram. Com "Cara valente" Maria Rita arrancou da plateia o primeiro coro de palmas da noite que se colou aos conhecidos "Num corpo só" e "Rumo ao infinito".

Filha da cantora Elis Regina e do arranjador e pianista César Camargo Mariano, Maria Rita desde criança esteve na mira das luzes da ribalta. Nos genes tem a herança da música e o palco estava delineado no seu horizonte. Ainda tentou contrariar este destino, formando-se em comunicação social e estudos latino-americanos, mas o inevitável aconteceu em 2001 e com 24 anos começou a cantar profissionalmente. Logo em 2003 o seu primeiro álbum "Maria Rita" vendeu mais de 1 milhão de cópias em todo o mundo, mudando inequivocamente o rumo da sua vida e desde então para cá não mais parou contando com uma dúzia de discos editados.


O momento mais emotivo da noite, que foi também um momento de partilha e confissão, registou-se com a interpretação de "Mainha me ensinou". Com a voz embargada Maria Rita confessou: "esta musica é muito emocionante para mim". Acrescentou ainda que o tema, ao contrário do que é habitual, lhe chegou às mãos já com os arranjos feitos e que "traduz um momento muito especimuito íntimo, muito bonito da minha vidal, ". O momento em que após 10 anos de carreira, com vários prémios no curriculum e créditos firmados por mérito próprio na cena musical, decidiu e se permitiu começar a trabalhar no reportório da sua mãe. Sem reservas e com manifesto orgulho afirmou "ela é a maior cantora do Brasil até hoje", "daqui em diante celebremos mamãe". Assim foi até ao cerrar das luzes.

Aos primeiros acordes de "Romaria" já o público acompanhava Maria Rita, entoando a uma só voz o inconfundível refrão "Sou caipira, Pirapora / Nossa Senhora de Aparecida / Ilumina a mina escura e funda / O trem da minha vida", agraciando-a de pé com uma estrondosa salva de palmas. Igual recepção calorosa, tiveram as interpretações de "Águas de Março" e "Madalena", obrigando Maria Rita e Tiago Costa a voltarem a palco para dois encores para presentearem o público com a canção "vou deitar e rolar" e "Não deixem o samba morrer", cantado a capella, marcou o derradeiro final.


Considerada um ícone da música brasileira, Maria Rita agradeceu a generosidade do público e fez um agradecimento especial "à equipa técnica da casa que tornou possível esta noite". Em Coimbra cantou com "a alma repleta de gratidão" e "a emoção de estar num teatro tão bonito, tão novo". Coimbra agradeceu-lhe com a certeza que Maria Rita não vai deixar a voz acabar e que o samba corre-lhe nas veias.

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