Queer Lisboa 2024 exibe obras que exploram os limites da representação explícita da sexualidade

por: António Manuel Teixeira
Queer Lisboa 2024 exibe obras que exploram os limites da representação explícita da sexualidade
Queer Lisboa

A edição do Festival Internacional de Cinema Queer de Lisboa 2024 terá 108 filmes de: 54%, mulheres cis, 30% trans e 16%, oriundos de geografias tão díspares como por exemplo Vietname, Grécia, Estónia ou Guam.

Depois das grandes conquistas dos movimentos sociais iniciados nos anos 1960 e das contraculturas, palco de construções utópicas que fizeram crer num mundo melhor e mais justo, assistimos hoje às crescentes assimetrias sociais, LGBTQI+fobias, xenofobias, expressões de ódio disparadas em todas as frentes. É este "o contexto que não podia deixar de ser o gatilho para a programação do Queer Lisboa 28", que regressa aos habituais Cinema São Jorge e Cinemateca Portuguesa, entre os dias 20 e 28 de Setembro.

Os muitos filmes que habitam esta edição do festival propõem-nos "um olhar complexo sobre as realidades das pessoas e comunidades LGBTQI+ nas mais diversas geografias, nos seus confrontos externos, mas também internos, no que é que significa ser-se queer, hoje, nas suas múltiplas expressões e desafios." Um cinema que gradualmente olha para fora, que abraça o que está à sua volta, que pensa e ousa desenhar soluções, sejam elas puramente pragmáticas ou utópicas.

No programa figuram alguns dos títulos mais celebrados no recente circuito de festivais de cinema internacionais, chegados de Cannes, Locarno ou Berlim; mas, também, muitas surpresas inéditas por descobrir. Filmes oriundos de geografias tão díspares como Vietname, Grécia, Estónia ou Guam. Cinematografias que abordam questões sensíveis como: os refugiados no Mediterrâneo, conflito no Médio Oriente ou o alerta ambiental, mas títulos, também, sem preconceitos no momento de procurar pontos de evasão". A organização do Festival garante "não faltam propostas irreverentes, obras radicais que exploram os limites da representação explícita da sexualidade, e até paródias e comédias com segundas leituras. São, ao todo, 108 filmes, assinados por homens cis num 54%, por mulheres cis num 30% e por pessoas trans ou não-binárias nos 16.

Aos títulos e actividades anunciados durante as últimas semanas - a retrospectiva dedicada a William E. Jones em colaboração com a Cinemateca Portuguesa, o Queer Focus, os filmes de abertura e encerramento, as sessões especiais e os títulos que integram a Secção Panorama -, juntam-se agora os filmes que compõem as cinco competições oficiais do festival, a Hard Night, o anúncio de uma série de debates que, uma vez mais, pretendem espoletar a discussão sobre várias questões sociais e culturais de enorme pertinência, e a divulgação das actividades paralelas: performances, exposição e festas.

Nos debates, “Agora Somos Nós”, conta com Joana Mortágua e Maíra Freitas como convidadas e tratará sobre variados temas como direitos, representatividade e políticas públicas para a comunidade em Portugal. Já em “Gentrificação e População LGBTQI+”, que complementa a exibição do documentário “Éviction”, Rita Paulos da Casa Qui e Helder Bértolo da Opus Diversidades, são convidades a reflectir sobre os processos de gentrificação que tomaram de assalto os centros urbanos da linha costeira do país. Haverá ainda lugar para um debate sobre “Resistência Queer”, um dos temas em foco este ano, onde convidamos Dan Sokoli, do Prishtina Queer Festival do Kosovo, e Bohdan Zhuk, do Sunny Bunny Queer Festival da Ucrânia, para, através das suas perspectivas geográficas e curatoriais, debater modos de produção, organização e expressão artística em determinados contextos políticos.

E ainda, uma Hard Night dedicada este ano ao realizador de Marselha Lazare Lazarus, uma exposição de fotografia, “Queer Spectrum”, de Dana Click, que pode ser vista no foyer do Cinema São Jorge, e duas performances: a primeira leva por título “La Carn” e será apresentada por Lluís Garau na Casa do Comum, e a segunda, em formato de palestra encenada, é “Palavras que me Servem”, uma proposta de André Tecedeiro e Laura Falésia na que nos farão reflectir sobre o uso da linguagem inclusiva e sobre como, mesmo com as palavras conquistadas, as expectativas sociais continuam a moldar as nossas existências.

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