O ano de 2022 foi o mais violento para as pessoas LGBTI na Europa e na Ásia Central, tanto por ataques planeados, ferozes, como por suicídios.
A 12.ª edição do relatório da ILGA-Europa (Associação Internacional de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Trans e Intersexo), averiguou que o crescente ataque de ódio a pessoas LGBTI feito por uma vontade consciente e intencional de matar e ferir, aumentou a níveis sem precedentes, dado que a antipatia para com as pessoas LGBTI tem sido estimulada e explorada para fins políticos.
Os suicidios ocorreram na sequência do aumento generalizado dos discursos de ódio de políticos, líderes religiosos, organizações de direita e especialistas nos ‘media’.
“Dizemos há anos que o discurso de ódio em todas as suas formas se traduz em violência física real. Este ano, vimos que a violência se torna cada vez mais planeada e mortal, deixando as pessoas LGBTI a sentirem-se inseguras em países de toda a Europa.”, declarou Evelyne Paradis, directora executiva da ILGA-Europa.
No mesmo discurso, acrescentou que têm visto provas de que o discurso de ódio anti-LGBTI não são, apenas, palavras de líderes ou aspirantes, mas um verdadeiro problema com consequências graves para as pessoas e comunidades. Esta violência não é apenas constatada em países onde o discurso de ódio é repleto, mas em países onde se acredita que as pessoas LGBTI sejam aceites.
O relatório comprova que os tribunais nacionais e locais reagem, resultando no aumento das acções judiciais em vários países. No entanto, para Paradis as reacções não são suficientes.
A directora da ILGA-Europa adiantou “Enquanto melhoramos a lidar com os resultados, o foco tem de estar em parar o discurso de ódio em todas as suas formas. Em toda a Europa, muitos políticos reagiram com horror às mortes de pessoas LGBTI este ano, e embora sejam sempre necessárias manifestações claras de solidariedade, não aborda a base do problema, a qual é a proliferação do ódio contra o povo LGBTI para benefício político”.
É importante que os líderes encontrem formas de combater o crescimento dos discursos de ódio, em vez de se encontrarem na posição de reacção às suas consequências, disse Evelyne Paradis.
Apesar de tudo, registaram-se progressos em diversos países, considerando-se que os activistas e as suas comunidades são os responsáveis por impulsionar a mudança social, bem como a protecção jurídica.
Por seu turno, a directora de advocacia da ILGA-Europa, Katrin Hugendubel, referiu que os activistas LGBTI são os protagonistas centrais em países onde se vê o progresso, como é o caso de Espanha e Finlândia. Todas as questões intrínsecas às comunidades LGBTI, mostram que as pessoas e organizações LGBTI continuam empoderadas e continuam a lutar pela mudança.
A 12.ª revisão anual da ILGA-Euroa está disponível no site https://www.ilga-europe.org/, bem como todos os relatórios anuais anteriores, evidenciado o crescimento do discurso de ódio anti-LGBTI na Europa e Ásia Central.
Os relatórios contam a história de uma causa, que não vai ter fim até que os políticos percebam que têm de se adiantar face ao problema.
Segundo Paradis, “No actual clima, os líderes progressistas devem encontrar formas eficazes de combater o discurso de ódio em todas as suas formas, em vez de se encontrarem no pé de trás, expressando simpatia pelas famílias dos desnecessariamente assassinados, ou pelos que tiraram as suas próprias vidas, enquanto o ódio continua a ser fomentado e explorado”.