Depois de dois anos pandémicos, com inúmeras restrições à actividade e com o sobreendividamento das empresas, juntam-se agora os aumentos de preços de energias, combustíveis e de matérias-primas.
Segundo o mais recente Inquérito AHRESP - Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal, realizado no mês de Fevereiro, o ano de 2022 começou pior que o anterior para as empresas de restauração, similares e do alojamento turístico (AHRESP, 2022). O inquérito representa estes sectores em todo o território nacional, revelando um cenário dramático para a actividade económica dos mesmos.
Em Janeiro de 2021, ainda sobre a influência do fenómeno pandémico, metade das empresas registaram quebras superiores a 40% e um terço das empresas de alojamento tiveram quebras acima dos 60%. Conforme o inquérito, verifica-se que grande parte das quebras na faturação se devem maioritariamente aos efeitos directos do pico da quinta vaga da pandemia, pelo que "78% das empresas de restauração e similares e 37% das empresas de alojamento já tinham tido pelo menos um trabalhador infectado", e "que 51% e 19%, respectivamente, tiveram inclusive de encerrar por um período mínimo de sete dias", refere nota de imprensa.
A sequência destes efeitos, originou, novamente, o aumento das intenções de insolvência, impacto este que chegou a duplicar entre as empresas de restauração e similares, pelo que, hoje, "31% das empresas ponderam encerrar definitivamente", refere a Associação. A situação verifica-se menos impactante no sector do alojamento, com o registo de 8% de empresas no mesmo impasse.
A dificuldade na contratação de profissionais para estes sectores manifesta-se como uma das fulcrais preocupações dos últimos tempos, sendo que, das empresas que procuraram contratar novos colaboradores, "90% tiveram fortes dificuldades em consegui-lo. As funções que evidenciaram um nível de dificuldade superior foram os profissionais de cozinha com 75% e os profissionais de mesa/balcão com 72%", explica em comunicado. Estas contrariedades também se sentiram no sector do alojamento, na medida em "que 78% das empresas enfrentaram dificuldades na contração, nomeadamente nas funções de cozinha, limpeza e recepção". Revela-se importante mencionar ainda "que 52% das empresas da restauração e 28% do alojamento tiveram de adiar investimentos face as dificuldades em contratar recursos humanos".
A “tempestade perfeita” entre a restrições à actividade e o aumento dos preços deve suscitar o Governo a garantir a viabilidade das empresas através da criação de um plano. Neste sentido e com o registo de dados, a AHRESP tenciona apelar à atenção e sensibilidade do Governo para as medidas por si apresentadas recentemente, e que se revelam inevitáveis para permitir às empresas acompanhar a desejada retoma da actividade económica.