Desfile de carros elétricos atraiu milhares de turistas no Porto

por: Lusa/AMT

Cerca de uma dúzia de carros elétricos desfilaram ontem pela marginal do rio Douro em comemoração dos 100 anos da extensão da antiga carreira que ia da Avenida da Boavista até ao Castelo do Queijo, no Porto.

 

Já na sua 24.ª edição, o cortejo partiu do Museu do Carro Eléctrico em direção ao Passeio Alegre, perante o acenar de milhares de pessoas, que até no meio do rio Douro saudaram os carros de outros tempos, com remos ao alto e sorrisos rasgados.

Para Isabel Moreira, guarda-freio da STCP -- Sociedade de Transportes Colectivos do Porto, o carro eléctrico consegue ser mais do que uma atracção turística ao permanecer útil para a população, pelo que lamenta o desaparecimento de várias linhas e sobretudo o mau estacionamento de muitos condutores, que a impedem regularmente de circular sobre os carris e que são um "problema do dia-a-dia".

Segundo o guia e também guarda-freio da STCP Pedro Rocha, o desfile do carro eléctrico "é uma forma de brindar os portuenses" com a presença dos veículos que também considera ainda úteis, até porque ainda vê "muitos utentes com passe mensal".

"É o que acontece aqui, nesta região de Massarelos", explicou, referindo que "ainda se utiliza muito o 18 para ir ao Hospital de Santo António ou para ir até à Baixa" e que "muitos preferem o carro elétrico ao autocarro".

Para o guarda-freio de 31 anos, as principais curiosidades deste meio de transporte secular passam pelo "carro americano de tração animal, da década de 70 do século XIX, ou o 'fumista', pensado no bem-estar dos fumadores".

"Nos outros carros só se podia fumar das nove às quatro da tarde", recordou, contando que naqueles se podia fumar "desde o início do serviço, porque eles já vinham para a rua sem janelas, o que era um sério sarilho", por o clima do Porto ser "muito instável".

Alvarim Teixeira, de 70 anos, ainda deu "alguns tombos", quando era criança, ao apanhar boleias clandestinas em vários elétricos e até ao saltar em andamento "e a grande velocidade".

"Recordo-me ainda de que havia um elétrico que tinha uma caixa de correio", disse à Lusa, explicando que "as pessoas punham lá as cartas e, no final do dia, enviava-se tudo para o edifício dos Correios". "Era uma coisa extraordinária", considerou.

Alvarim Teixeira trabalhou na STCP durante 29 anos, em Massarelos, e recordou, sem disfarçar a saudade, os tempos em que "havia o 10, que ia do Bolhão a Venda Nova, em Rio Tinto", e em que o bilhete "ficava por uma média de 15 tostões".

"Venho com os meus netos para lhes mostrar aquilo em que trabalhei", admitiu, desejando que o desfile continue por muitos anos: "Na realidade só vem engrandecer a cidade do Porto".

 

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