Nem tudo o que reluz é ouro

por: Hugo Teixeira Francisco
Nem tudo o que reluz é ouro
Secretaria Estado do Turismo

Foi com grande pompa e circunstância, que ontem, dia 23 de Novembro, a Ryanair anunciou a abertura da sua quarta base em território nacional, depois de Porto, Lisboa e Faro, chegou o momento do Funchal.

Mas calma, como assim quarta base em território nacional? Então e a base que a Ryanair abriu em Ponta Delgada, em Abril de 2015?  Já lá vamos!

Primeiro as “boas notícias”. Esta nova operação da Ryanair para a Madeira terá 40 novos voos semanais, 10 rotas das quais cinco irão ligar directamente a novos destinos. “Esta nova conectividade irá contribuir para a diversificação de mercados emissores e aumentará a resiliência das variações de mercado, factores críticos para o turismo na Madeira”, lê-se no comunicado de imprensa da ANA. Na apresentação desta nova base, que contará com dois aviões baseados no Funchal estiveram presentes Pedro Siza Vieira, ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital; Miguel Albuquerque, presidente do Governo Regional da Madeira; Thierry Ligonnière, CEO da ANA Aeroportos de Portugal| VINCI Airports; e Eddie Wilson, CEO da Ryanair.

De acordo com a Ryanair esta operação vai ligar a Madeira a vários destinos europeus como Bruxelas, Dublin, Lisboa, Londres Stansted, Manchester, Marselha, Milão Bergamo, Nuremberga, Paris e Porto e irá permitir criar 60 postos de trabalho directos e 40 indirectos no arquipélago, representando o “compromisso da companhia aérea com Portugal e demonstrando o seu impacto no desenvolvimento do turismo português”.

É nesta tónica de compromisso que regresso ao tema Açores, onde o acordado foi, no momento da sua apresentação, muito semelhante ao da Madeira. Mas aqui com uma diferença muito significativa, criação de 350 empregos, contrastando com os meros “60 postos de trabalho directos” que se comprometem a criar na Madeira.

 Infelizmente, devido às condutas pouco éticas da Ryanair, no que toca a questões laborais, fiscais e de cumprimento de regras com a entidade reguladora, levaram ao encerramento da base de Ponta Delgada e a um despedimento colectivo bastante duvidoso de todos os colaboradores da base de Ponta Delgada, mesmo depois de o Governo dos Açores ter adjudicado à companhia low cost mais de 1,1 milhões de euros para promover o turismo na região junto do mercado do Reino Unido.

Ainda no mês passado a Ryanair acusou o Ministério das Infraestruturas e a Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC) de bloquearem algumas das suas rotas, sendo que se concluiu que a transportadora falhou os prazos do pedido e os requisitos legais. Decorrem neste momento vários processos em tribunal contra a Ryanair, entrepostos por dezenas de tripulantes da Ryanair, da base de Ponta Delgada, Lisboa e Porto, sendo que a própria empresa já assumiu, perante os tribunais portugueses, que os despedimentos colectivos que promoveu, eram ilegais, tendo desistido das acções em curso e dos recursos relativamente a esta matéria.

Temos assim um momento antagónico, onde por um lado o Estado critica e penaliza a Ryanair por não cumprir as leis nacionais e por outro lado se congratula pela abertura de uma nova base, que nada mais fez, do que substituir um arquipélago por outro.

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