Algarve em 'ruinas' à espera de turistas

por: António Manuel Teixeira
Algarve em 'ruinas' à espera de turistas
O Turismo PT

O desemprego no Algarve aumentou mais de 200% em Maio para quase 28 mil desempregados, atingindo sobretudo o sector da hotelaria, que desespera pela chegada de turistas que não vêm.

O Sol forte que aquece a região algarvia alerta para o facto de Julho ter chegado, mas embora isso seja apanágio de muitos turistas, que por esta altura estariam a encher os hotéis, praias e restaurantes da região, eles teimam em não aparecer.

A pandemias coincidiu com o arranque das contratações para a época turística, o que fez com que milhares de pessoas nem sequer chegaram a ser contratadas, enquanto outras foram dispensadas ainda durante o período experimental.

Num Verão normal, o Tivoli Hotels & Resorts teria cerca de mil pessoas a trabalhar nas seis unidades do Algarve - fora aquelas que são contratadas à hora, ao dia, ou à semana - mas, neste momento, tem apenas cerca de metade, diz à Lusa o director regional de operações do grupo.

Jorge Beldade explicou que "em Março, quando foi o início desta pandemia, estávamos em fase de início de contratação para a época de cerca de 350 pessoas. Acabámos por contratar só 89 e, obviamente, todas as outras deixaram de ser contratadas e a seguir os hotéis fecharam e passámos todas as pessoas a lay-off".

No Algarve, 85% dos hotéis reabriram, apenas, em Junho ou reabrem agora no início de Julho, um número, ainda assim, animador - tendo em conta as previsões do sector no início da pandemia, que não previa que tantas unidades reabrissem ainda este ano.

Após a época baixa, quando se preparava para entrar na época turística, o Algarve depara-se com um Verão "que não será comparável" ao do ano passado e entra novamente numa estação baixa, o que, na prática, será equivalente "a três estações baixas seguidas", resume o líder da Associação de Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA).

Elidérico Viegas disse à Lusa que "o efeito nas receitas das empresas e o impacto no emprego é indiscutível e será uma realidade incontornável", estimando que em Setembro os números se "agravem novamente".

Segundo dados do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP), em Maio de 2020 a região algarvia foi a  que registou o maior aumento de desempregados inscritos no país, com um crescimento de 202,4%, face ao mesmo mês do ano passado.

A delegada Regional o IEFP desabafa referindo que se trata de "uma situação complicada, com um número de desemprego bastante elevado, que nos preocupa. Em Fevereiro ninguém acreditaria que isto iria acontecer, porque estávamos com um dinamismo da economia cada vez maior, com o emprego a aumentar e o desemprego a diminuir".

De acordo com Madalena Feu à Lusa, o aumento do desemprego, contrariando a tendência dos últimos anos, tem vindo em crescendo, face aos mesmos meses de 2019: em Março havia na região 21.636 desempregados inscritos (mais 41%), em Abril mais 26.379 (mais 120%) e em Maio 27.675 (mais 202%).

A delegada regional do IEFP nota que há "novos" desempregados: 28% são estrangeiros -- na sua maioria brasileiros, indianos e nepaleses, que trabalhavam na agricultura e na hotelaria --, e outros, ainda, são pessoas que vieram de fora da região.

No concelho de Albufeira, que concentra boa parte dos hotéis da região e cujos negócios giram quase todos à volta do turismo, a situação é preocupante, segundo nota à Lusa o edil.

José Carlos Rolo sublinhou que "a recuperação não vai ser tão rápida e tão linear quanto isso. Não nos podemos esquecer que a seguir temos o inverno e que no inverno, naturalmente, as pessoas não acorrem a lugares turísticos de sol e praia".

Segundo o autarca, além dos "muitos hotéis fechados", estão também encerrados muitos estabelecimentos comerciais. Alguns até abriram, mas depois acabaram por encerrar, por falta de clientes, atirando as pessoas para o desemprego ou para lay-off.

RIU Hotels & Resorts

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