Num ano dominado pelas videoconferências, não será de estranhar que aquela que é uma das maiores feiras de tecnologias, Web Summit, siga também no mesmo formato.
Paddy Cosgrave, presidente da Connected Inteligence Limited (CIL) e criador da Web Summit, admitiu, segundo o Expresso, recebeu propostas tentadoras para exibir esta edição num país do sudeste asiático, onde as restrições provocadas pela Covid-19 serão menores. No entanto, depois de renegociações com o Governo e a autarquia de Lisboa, decidiu-se manter-lo em Lisboa, mas num formato digital. O que não o impede de continuar a pensar no regresso à normalidade: “Talvez em 2022, quando o novo recinto estiver concluído, possamos ter 140 mil ou 150 mil pessoas”, disse Cosgrave em entrevista ao Expresso.
De salientar que a hotelaria e a restauração ganhavam bastante com este evento, mas neste caso são duplamente penalizadas com a passagem de um evento para o formato digital. No entanto não será justificação suficiente para desistir dos benefícios que podem ser obtidos noutras áreas, recorda Armindo Monteiro, vice-presidente da Confederação Empresarial Portuguesa (CIP).
A CIL assinou um acordo com o Estado para a manutenção da Web Summit em Lisboa, na condição de as entidades públicas ampliarem a FIL. O compromisso assumido pelos representantes nacionais criou uma polémica desde o ano em o evento iniciou em Portugal, 2018. Voltou, este ano a criar uma nova polémica quando o deputado e vereador da Câmara Municipal de Lisboa, João Gonçalves Pereira, questionou formalmente o motivo que levou o Governo a permitir o valor de 11 milhões de euros como está acordado que têm de ser entregues directamente à CIL, por uma edição que é realizada na Internet.
O deputado recorda ainda que o contrato entre Estado e CIL permitia cancelar a mostra tecnológica sem o pagamento de qualquer valor por parte de ambas as partes. Incluindo o aluguer da FIL, equipamentos de palco e comunicações, ou acções de divulgação que o Estado tem obrigação de suportar por contrato os custos, mas que não vão ser pagos, uma vez que a mostra tecnológica ocorrerá pela Internet.
O Governo encomendou um estudo sobre o impacto que a versão digital da Web Summit terá na economia nacional, mas o gabinete do ministro da Economia e Transição Digital, recusou fornecer esse estudo, apesar de várias vezes questionado sobre a matéria pelo Expresso.
Segundo o Expresso, a conferência irá totalizar cerca de 100 mil participantes, mas que desta vez, todos eles ligados através da Internet e sem qualquer acto presencial, para assistirem às diferentes palestras de mais de 800 oradores em formato de videoconferência. E são estes números que levam a organização a admitir que a Web Summit pode muito bem tornar-se o maior evento do género alguma vez realizado na Internet.
Paddy Cosgrave informou que foi necessário expandir o horário das palestras e das restantes actividades, passando das seis horas diárias, para o dobro. A explicação deste alargamento é simples: uma vez que decorre em formato on-line, há que reverter as limitações provocadas pela distância em mais-valias, que permitem alcançar participantes em diferentes fusos horários.
O líder da CIL afirmou que o evento em formato on-line, representa uma perda de 30 milhões de euros para a sua empresa e garante mesmo que, se quisesse, teria o direito legal a exigir 24,5 milhões de euros do Estado Português
Jornalista