“Ao contrário do que algumas pessoas mal-intencionadas quiseram fazer acreditar, a Casa dos Bicos, que vamos ocupar, não está aqui simplesmente para glorificar a vida ou a obra do senhor Saramago, está aqui para ser útil”.
A Fundação José Saramago quer, segundo o Prémio Nobel da Literatura 1998, “ir muito mais além de uma responsabilidade que está nos estatutos, que é a de defender e preservar a obra da pessoa que lhe deu o nome”.
“Quer ir mais além na medida do possível: diversificar as actividades da fundação, de modo a que a Casa dos Bicos se transforme num pólo cultural da cidade. Queremos que seja a casa de todos”, sublinhou.
“Aqui vão realizar-se conferências, exibir-se filmes, fazer-se exposições… Tudo aquilo que se deve esperar de uma instituição de carácter cultural, vamos fazê-lo com certeza”, asseverou.
Actualmente em Lanzarote, a biblioteca do autor de “O Ano da Morte de Ricardo Reis” - ou pelo menos parte dela - será trazida para a Casa dos Bicos, disse Saramago, acrescentando que não gostaria que os livros “ficassem numa espécie de mausoléu”, mas que fossem lidos e consultados.
“Vamos pôr esta Fundação ao serviço da cidade”, garantiu o escritor, no final da visita guiada pelo arquitecto João Santa Rita, um dos responsáveis pelo projecto. O arquitecto é filho de José Santa Rita que, juntamente com o arquitecto Manuel Vicente, foi o autor do projecto original de remodelação, desenvolvido em 1983 para a XVII Exposição Europeia de Arte, Ciência e Cultura.
Datada de 1523 a Casa dos Bicos albergará “uma biblioteca, um espaço de estar e um auditório, os serviços da Fundação e ainda um núcleo expositivo”, disse João Santa Rita.
Para além disso “haverá ainda um piso da entrada [da responsabilidade da Câmara Municipal de Lisboa] de utilização mais pública, de explicação desta área onde se insere a Casa dos Bicos e dos seus achados arqueológicos”.
“Espero que com mais uns quantos meses de obras, que estão a decorrer a bom ritmo e com muita imaginação, aproveitando espaços e inventando espaços novos, possamos finalmente, não sei em que dia entrar aqui, com a chave na mão, e usar a Casa dos Bicos, repito, para o bem da Cultura”, observou Saramago.
(ES)