Este desejo de luz e de ‘ser’, pela madrugada anunciado, manifesta-se no vocabulário onde a clareza da apreensão intelectual é entendida como o prolongamento inteligível da clara percepção sensível.
Nessa espantada visão colhe-se, gloriosa e inquietante, a heróica vocação do homem, frágil sopro à morte destinado, mas nobre e grande na palavra desenhada.
A epopeia grega marca um ritmo primeiro do humano habitar a terra, canto de que nunca nos afastámos inteiramente.
O gesto épico, porém, torna-se sobressaltado espectador de si próprio, e a total coincidência do herói com o acto realizado acrescenta-se em distância crítica, ‘re-flexão’.
A epopeia floresce em tragédia. Constrangido pela Necessidade, enredado em conflitos, culpado e inocente, assim se interroga o homem sobre si, sobre ‘quem’ é, voz da Esfinge que não deixa de nos ferir. E essa demanda não pode esquecer Dioniso, a luz sombria do ‘delírio’.
E se estes são fios com que vamos tecendo o nosso histórico caminho, oportuno é questionarmo-nos sobre o modo como os gregos viviam o tempo e percebiam a história. Esta é a forma como José Pedro Serra entende a palavra, o olhar e o gesto que encerra o Fulgor desse mistério que se chama Grécia.
José Pedro Serra é Doutor em Cultura Clássica pela Universidade de Lisboa e docente do Departamento de Estudos Clássicos da Faculdade de Letras de Lisboa, onde tem leccionado disciplinas na área do Grego, da Literatura Grega, do Teatro Antigo e da Cultura Clássica.
Integra o Centro de Estudos Clássicos, onde coordena a linha de investigação sobre literatura e cultura gregas.
Autor de várias conferências e artigos no âmbito da Filosofia, da Literatura e da Cultura Clássica, publicou Pensar o trágico, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian (Prémio PEN Clube e Prémio Jacinto do Prado Coelho).
4 de Fevereiro
Homero ou o canto da vida heróica
11 de Fevereiro
No espelho da tragédia
18 de Fevereiro
Dioniso: Sol negro entre os olímpicos
25 de Fevereiro
Ao tear do tempo: Atenas e Jerusalém