“O Bom Crioulo” de Adolfo Caminha e o escândalo que provocou no Brasil do século XIX

por: Zita Ferreira Braga

A velha e gloriosa corveta – que pena! – já nem sequer lembrava o mesmo navio doutrora, sugestivamente pitoresco, idealmente festivo como uma galera de lenda branca e leve no mar alto, grimpando serena o corcovo das ondas!..”

 

Este é um romance maldito. Em 1895, o Brasil leu “Bom Crioulo”, de Adolfo Caminha, com escândalo e sob críticas ferozes, tendo sido censurado na ditadura de Getúlio Vargas e só mais tarde recuperado e apontado como um dos grandes expoentes do naturalismo brasileiro. O amor entre dois homens, dois marinheiros, o amor entre um branco e um negro, um romance protagonizado por um negro: era demasiado atrevimento para a época.


Votado ao esquecimento na primeira metade do séc. XX, “Bom Crioulo” é hoje traduzido em todo o mundo, e é considerado o primeiro romance da literatura ocidental e, certamente, em língua portuguesa a abordar a homossexualidade e logo numa relação inter-racial.   

“Esta é a história de amor entre Amaro e Aleixo. Um marinheiro negro sente-se atraído por um jovem grumete branco. Uma singular e improvável história de amor, a que não faltam ingredientes, onde se inclui a participação de uma personagem portuguesa, ex-prostituta, D. Carolina, ou melhor, Carola Bunda, desejosa de entregar o seu corpo maduro a um amante jovem como Aleixo.”

Duramente atacado pela crítica puritana da época, Adolfo Caminha ficou para a História como um autor “maldito”.

A obra chega agora aos Clássicos da Guerra e Paz e está disponível nas livrarias a 20 de Março, numa edição que inclui nota introdutória, glossário de termos náuticos, lista de personagens e um texto de Adolfo Caminha, “Um artigo condenado”, publicado em 1896. Citamos: “A julgar como certos imbecis – que os personagens de um romance devem reflectir o carácter do autor do romance –, Flaubert, Zola e Eça de Queiroz praticaram incestos e adultérios monstruosos”, defende-se o autor.    


BOM CRIOULO de Adolfo Caminha, numa edição Guerra e Paz chega às livrarias a 20 de Março.

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