Miguel Frasquilho diz que "em Agosto, a TAP só terá cerca de 25% da operação reposta"

por: Zita Ferreira Braga

O presidente do conselho de administração da TAP ficou "muito surpreendido" com a providência cautelar interposta pela Associação Comercial do Porto (ACP), para travar o empréstimo estatal de 1.200 milhões de euros à companhia áerea.

Isto porque, na sequência da contestação ao primeiro plano de rotas que foi apresentado pela TAP, os administradores da companhia aérea tiveram reuniões "construtivas" com várias entidades interessadas, incluindo com esta associação, a quem já tinha sido prometido que o plano seria alterado.


A propósito das queixas de discriminação da região Norte do país, o gestor reconheceu, que neste contexto, parece adequado e evidente que o programa de retoma de voos não siga apenas critérios económicos e possa contribuir para uma recuperação mais equilibrada do país.

"Foram reuniões construtivas e, por isso, fiquei muito surpreendido com esta iniciativa da ACP, porque, se houve mensagem que foi passada nestas reuniões, foi a de que a TAP iria esforçar-se para, numa lógica sustentável, repor os níveis de actividade pré-Covid", relatou Miguel Frasquilho.

Esse esforço, garante, já está a ser colocado em prática. Em Julho, serão repostos voos do Porto para Nova Iorque e em Agosto, serão repostas as ligações para Milão e Zurique. Mesmo assim, ressalvou, "a recuperação será lenta. Em Agosto, a TAP só terá cerca de 25% da operação reposta". "Isto mostra bem a gravidade do período que estamos a atravessar", afirmou.

Sobre o cumprimento do plano estratégico aprovado em  2015, Miguel Frasquilho indicou que nem todas as metas foram cumpridas. “O plano estratégico do ponto de vista financeiro não foi cumprido”, apesar de alguns objectivos operacionais terem ido além do previsto. Declarações feitas um dia depois do presidente da comissão executiva, Antonoaldo Neves, ter destacado que várias metas desse plano foram ultrapassadas com mais contratações, mais rotas e mais aviões novos.


O chairman da transportadora reconheceu que terá havido um “crescimento operacional maior do que estava projectado e que infelizmente não teve correspondência em termos de resultados financeiros”. “É evidente que o Governo defendeu os interesses da TAP”, afirmou contrariando  a visão deixada por Antonoaldo Neves quando explicou o processo  negocial com a Comissão Europeia.

Não vejo como nos podemos espantar com o facto da Comissão Europeia ter classificado a TAP como um grupo com dificuldade financeira, dado o histórico dos resultados negativo” uma vez que “o Grupo TAP, que inclui a manutenção no Brasil, só teve lucros duas vezes em 18 anos”, afirmou Miguel Frasquilho.

Frasquilho não deu como certos despedimentos, mas avisou que todas as companhias aéreas, mesmo as que não estão no quadro de ajuda de emergência, vão ter de encolher, ainda que temporariamente.

Antes de avançar com o plano de reestruturação, é preciso que os accionistas cheguem a acordo quanto às condições do empréstimo público, não desenvolvendo as condições impostas pelo Estado, mas confirmou que passam por alterações no governo da empresa e até no acordo parassocial.


E discordou com a sugestão deixada por Antonoaldo Neves de que o Estado pode ter um membro na comissão executiva, actualmente dominada pelos privados. “Na minha opinião, daria uma falsa sensação de poder. Preferia ter um reforço dos poderes do conselho de administração” a que preside e no qual tem voto de qualidade em caso de empate.  Miguel Frasquilho transmitiu a expectativa de que o “entendimento seja alcançado nos próximos dias”.

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